Neuropatia periférica é reversível?

Funcionalitá • 24 de novembro de 2021

Antes de tudo, precisamos entender o que é neuropatia, quais seus subtipos e suas causas, para então adentrar nos tratamentos atuais e em desenvolvimento para cada neuropatia em específico.


O que é neuropatia periférica?


Dividimos o sistema nervoso em central (cérebro e medula espinhal) e periférico (raízes, gânglios, nervos, músculo).

Neuropatia periférica é um termo genérico que indica lesão dos nervos do nosso sistema nervoso periférico.


Os nervos têm como função transmitir informações - como cabos elétricos que carregam energia. Há um centro que conduz a energia propriamente (axônio) e a capa isolante (mielina) que faz o sistema ser ainda mais rápido e eficaz.  


Assim se faz comunicação entre sistema nervoso central e periférico!


E para cada sensação de dor, temperatura, toque, posição corporal e articular, força motora, funções autonômicas, existe um nervo específico!


Quais tipos de neuropatia existem?


Como já dito, há uma gama de nervos com características próprias e funções específicas. Então, a depender de qual ou quais acometidos, o tipo de neuropatia será diferente.

 

Podemos classificar as neuropatias periféricas de várias formas:


  • Quantidade de nervos acometidas:
  • Mononeuropatia: apenas 1 nervo;
  • Moneuropatia múltipla: vários nervos, de forma assimétrica;
  • Polineuropatia: vários nervos acometidos de forma parecida e simultânea.


  • Tipo de função acometida:
  • Motora;
  • Sensitiva;
  • Sensitiva e motora;
  • Autonômica (simpático e parassimpático).


  • Tempo de doença:
  • Aguda - até 1 mês;
  • Subaguda - 1 a 2 meses;
  • Crônica - mais de 2 meses.


Quais as causas de neuropatias periféricas?


Há causas adquiridas — que surgem ao longo da vida devido a um conjunto de fatores externos — e aquelas hereditárias — geneticamente herdadas.


Ainda assim, apesar de investigação ampla, não conseguimos descobrir em alguns casos o que causou a disfunção — as chamadas neuropatias idiopáticas.


  • Adquiridas:
  • Traumáticas - acidentes, cirurgias
  • Compressivas - síndrome do túnel do carpo
  • Tóxicas - álcool, medicamentos
  • Metabólicas - diabetes, doenças da tireoide
  • Infecciosas - hanseníase, hepatites
  • Autoimunes - polirraculoneurite inflamatória crônica (CIDP), associada a doenças reumatológicas


  • Hereditárias
  • Charcot-Marie-Tooth - principal representante do grupo
  • Componente de outras síndromes e doenças genéticas


Como se faz o diagnóstico?


Através de uma boa avaliação médica, que é essencial para a solicitação dos exames complementares corretos!


Na consulta, a avaliação minuciosa das queixas, sintomas e tempo de evolução irá guiar o exame neurológico.


A partir daí, podem ser indicados alguns exames como eletroneuromiografia, ultrassom de nervos, exames de sangue e urina para esclarecer o diagnóstico.


Caso exista suspeita de doença genética, também existem os teste genéticos que podem ser utilizados.

 

E, por fim, qual o tratamento? Podemos reverter o quadro?


O tratamento depende da causa encontrada para a sua neuropatia.  


É fundamental entender que os nervos podem sim se regenerar, mas isso acontece de forma muito lenta e nem sempre 100% eficiente. O processo pode levar meses a anos e depende da gravidade da lesão.


Então, fazer o diagnóstico correto e iniciar o tratamento rápido melhora muito as chances de recuperação.

No entanto, alguns tipos de neuropatia podem não ser totalmente revertidos e o foco será evitar a progressão.

 

Para citar alguns casos:


  • Lesões traumáticas ou compressivas podem ter benefício de cirurgia. A depender da gravidade e do início do tratamento, as chances de recuperação são excelentes.
  • Neuropatia pelo diabetes se instala ao longo de muitos anos da doença e pode afetar inclusive a capacidade do nervo se regenerar. O controle da pressão arterial, do colesterol e açúcar no sangue pode desacelerar e muito sua progressão. Por isso, desde cedo, cultive hábitos saudáveis – procure ajuda para parar de fumar e faça atividade física!
  • Neuropatias por deficiência de vitaminas como a vitamina B12 podem ser completamente revertidas com o diagnóstico e o tratamento precoce.


A mensagem final é: quanto mais cedo buscar ajuda, maior as chances de melhorar!


Responsável Técnico:

Dra. Michelle Abdo Paiva

Neurologista Clínica e Neuromuscular pelo HC-FMUSP

CRM 191302, RQE 94288

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